terça-feira, 19 de maio de 2009

O "SABER " E O "FAZER" AO SERVIÇO DA COMUNIDADE


O Robobraille consiste num programa que converte, gratuitamente, textos verbal escrito para formato digital em áudio MP3 e Braille. Este serviço foi concebido por um consórcio de empresas e instituições de vários países entre os quais se encontra Portugal. Aqui, a instituição participante neste projecto é o CIDEF (Centro de Inovação para Deficientes). Tal como outras ferramentas digitais, embora não tenha sido concebida a pensar no ensino, esta pode ser utilizada enquanto recurso e estratégia pedagógica, permitindo diversificar as metodologias de ensino e, desta forma, aumentar a motivação dos alunos para a aprendizagem. Com o Robobraille é possível complementar uma série de trabalhos produzidos no Movie Maker ou no Photo Story, dando voz a uma série de imagens ou vídeos. Para receber o documento em formato áudio MP3, basta enviar um documento (HTML, WORD, TXT ou RTF) por e-mail para textoparavoz@robobraille.org com o documento em anexo e esperar uns escassos minutos. Se pretender receber o texto em formato Braille, o processo é o mesmo só que enviado para textoparabraille@robobraille.org.
Gostaria de fazer algumas considerações relativamente ao projecto CIDEF, acima mencionado. É bom saber que existem pessoas e mesmo instituições que canalizam todas as suas capacidades intelectuais e recursos ao serviço dos menos capazes. Infelizmente este fenómeno não é uma norma, ainda faz parte de uma restrita lista de excepções.
Penso que também a este nível, nós, futuros professores, temos um importante papel a desempenhar. Temos de contribuir para um sistema de ensino-aprendizagem direccionado não só para a vertente técnico-cognitivo (a formação de operários para fábricas) mas também para a relevante formação ético-moral
[1], ou seja, a formação de cidadãos para a sociedade, como refere Leandro (1991), o “saber ser”[2]. A lacuna relativamente a este tipo de formação pode inviabilizar a formação ao nível do saber e do saber fazer. Aliás, pode não só tornar-se inútil como até perigosa, já que corre-se o risco daquelas competências serem colocadas ao serviço de actividades menos dignas e até ilícitas. Aliás, a crise que actualmente vivenciamos é bem o reflexo desse fenómeno, já que esta foi gerada por pessoas que apesar de serem peritas no saber e no fazer, não souberam, contudo, saber ser, canalizando toda a sua formação e perícia não para o bem comum, mas sim para satisfação de desmedidas ambições pessoais. Assim, os que estavam expectantes relativamente a uma sociedade onde singram os que melhor sabem e melhor fazem confrontam-se agora com uma sociedade onde singram os que melhor roubam, ou seja, os que melhor sabem fazer burlas. E porquê? Porque a sociedade preparou-os para melhor saber e fazer mas não para o saber ser, ou melhor, ensinou-os a saber ser… ladrões.
Reformulando o título deste post, O "SABER" E O "FAZER" A SERVIR-SE DA COMUNIDADE.

BIBLIOGRAFIA
[1] Apontamentos disponibilizados pelo docente da unidade curricular de Sociologia da Educação Prof. Doutor Carlos Gomes (2008/09).
[2] BARROS, A. M., ALMEIDA, L. S. (1991). “Dimensões Sociocognitivas do Desempenho Escolar”, In ALMEIDA, Leandro S. (Ed.). Cognição e Aprendizagem Escolar, Porto: Associação dos Psicólogos Portugueses, pp. 87-97.

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