domingo, 17 de maio de 2009

SINAIS DOS TEMPOS

”A educação é inseparável da evolução social, constitui uma das forças que a determinam. A finalidade própria da educação e os seus métodos devem ser, pois, constantemente revistas, à medida que a ciência e a experiência aumentam o nosso conhecimento da criança, do homem e da sociedade.”[1]

Segundo Hargreaves, as regras do mundo estão a mudar e no ensino, o trabalho nunca está acabado, pode sempre fazer-se mais, as coisas podem sempre ser melhoradas […]”.[2] Aliás, não só podem como devem, no sentido de fazer face aos novos desafios que a sociedade, em galopante mudança, propõe. Estas mudanças manifestam-se aos mais diversos níveis e no ensino elas são bem visíveis. Porém, o fenómeno mais marcante e de maior impacto nas sociedades actuais foi a designada revolução tecnológica, que abriu as portas a uma nova era, a Era da Informação. Na verdade, não muito longe vão os tempos em que os professores e os manuais escolares constituíam, praticamente, a única fonte de conhecimento. Actualmente, com os avanços tecnológicos, é possível aceder, de forma rápida e até gratuita, a uma multiplicidade de fontes de informação. Este fenómeno, na medida em que provocou grandes alterações no tempo social, acelerando os seus ritmos de mudança, obrigam a constantes reformas do sistema educativo no sentido de reformular não só os conteúdos como também as práticas pedagógicas de forma a responderem aos actuais desafios.
No que diz respeito aos professores, já não é expectável que estes se limitem a dissertar/expor os seus conhecimentos para uma plateia de alunos que, passivamente, tentam interiorizar, muitas vezes sem perceber, uma série de conhecimentos. Do professor espera-se, fundamentalmente, que apoie os alunos a chegarem a determinados conhecimentos que se pretende que estes adquiram. Desta forma, mais do que transmitir uma série de saberes, o professor deve adoptar as estratégias e ferramentas mais adequadas à exploração e exercício de determinadas competências que possibilite ao aluno a chegada a esses conhecimentos, e/ou ensinar a gerir e explorar a quantidade de informação que o aluno tem agora à sua disposição.
Relativamente aos manuais, especificamente os de história, já não se espera que estes contenham toda a informação que o aluno deve aprender, já não são vistos como um ponto de chegada mas sim como um ponto de partida orientador para uma constelação de fontes de informação, que se espera que o aluno aprenda a explorar, nomeadamente páginas na Internet, enciclopédias, dicionários temáticos, vídeos, entre outros.
Desta forma, os manuais, especificamente os de História, funcionam como um guia onde constam os conhecimentos básicos e estruturantes para uma análise mais especializada que deverá ser efectuada através do recurso a outras fontes. A exploração destas múltiplas fontes contará com o apoio do professor, que deverá criar as tarefas mais adequadas no sentido de exercitar as competências necessárias à sua eficiente exploração. Visto como um orientador, na procura do melhor itinerário que conduza ao destino que se pretende atingir, o professor funciona como um instrutor de condução que ensina os alunos a saber interpretar os sinais existentes nas múltiplas vias da informação, que permita uma chegada ao destino da forma mais satisfatória, segura e célere possível. Para o aluno aprender a conduzir, não é necessário que este conheça todas as estradas ou vias de comunicação, basta-lhe saber interpretar os sinais e estará apto a conduzir e orientar-se, grosso modo, em qualquer parte do mundo.
A expressão ensino-aprendizagem é bem elucidativo destas transformações sugeridas pelo novo sistema de ensino, em que o aluno deixa de ser exclusivamente um objecto passivo de ensino, para passar a ser, também, um sujeito activo de aprendizagem. Contudo, estas metodologias não são novas nem tão pouco resultantes da Era da Informação. A designada Educação Nova defende estas metodologias de ensino há mais de um século.
Todavia, não obstante a maioria reconhecer os benefícios inerentes à Educação Nova, esta, ainda hoje, não é uma realidade. A pedagogia educativa exercida nas escolas encontra-se, grosso modo, acorrentada às pedagogias tradicionais. Contudo, penso que as potencialidades proporcionadas pelas novas tecnologias poderão traduzir-se num virar de página, funcionando como um importante veículo e estímulo na concretização do tão almejado modelo de ensino.

BIBLIOGRAFIA
[1] MONTEIRO, A. Monteiro, História da Educação, Porto Editora, p.79.
[2] HARGREAVES, A.(1998). Os Professores em Tempo de Mudança – o Trabalho e a Cultura dos Professores na Idade Pós-Moderna, Lisboa: McgrawHill de Portugal. P.296

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